Thursday, November 08, 2007

A Sociedade Sacarina das revistas

Entrei no bar e oferecem-me uma revista da Maxmen (Todas as imagens aqui) – que farturinha! - como que a tentarem justificar os 10 euros de consumo mínimo obrigatório. A capa desta semana trazia uma tal de Mafalda Teixeira. Em subtítulo afirmavam que era uma moranguita. Como não vejo os morangos com açúcar por dar a horas impróprias para consumo (apenas por isso…) tive de me acreditar que aquela miúda voluptuosa tinha mesmo o nome de Mafalda Teixeira e era mesmo portuguesa. Da imagem destaquei três sinais de nascença, para além dos enormes e reluzentes peitos que esses, a princípio, e se não soubesse que eram made in Portugal, iria jurar que não eram congénitos mas transgénicos*, um na face, qual madona há uns 30 anos atrás; um no braço esquerdo; e um outro no peito também ele esquerdo que era para acentuar a tendência. Era bem jeitosona a miúda por trás daqueles sinais castanhos e de moranguita não tinha nada. É pecado chamarmos por um diminutivo um canastro como o que a capa da Maxmen apresentava. Assim de repente e sem querer ser rigoroso na aferição, dava-lhe, no mínimo, uns 1,80 m de altura.
Bem… Fui gastar o consumo mínimo pedindo um cachorro e uma cerveja (só depois é que soube que afinal o consumo mínimo só pode ser gasto em líquidos, nada de comidas. Paguei 15 euros à saída). Dei uma volta ao “teatro das operações”. Como os meus amigos costumam dizer, era só cabeleireiras (não sei a razão do preconceito). O ambiente às 2:30 da matina começava a tornar-se intransitável, é que nem espaço havia para mantermos aquela postura dissimulada de quem está a divertir-se bué: De copo na mão, bebendo algo horrível, com um sorriso nos lábios e com o olhar de radar ou antena parabólica buscando os movimentos mais fogosos – Reparo agora na diferença subtil entre as palavras fogosos e fungosos. Haverá algum tipo de correlação entre estas duas palavras?, mais fogosos menos fungosos?, ou o contrário?
Três da manhã e decido ir-me embora, passo por uma das zonas ainda mais transpiradas da sala e quando dou por ela, a moranguita estava mesmo ao meu lado. Uma terrível desilusão! Nem pelo peito me dava. Não tinha nada a ver com a foto da revista. Com ela estava mais uma dezena de pessoas que dizem ser figuras públicas. Pudico, apercebi-me que estou completamente por fora desta sociedade sacarina e morangal.
Uma inquietação à parte: Quanto cobrará cada figura destas para se passear toda a noite numa discoteca? Será um valor proporcional aos seu peso ou à sua altura?, ou na base da decisão estarão outros factores mais (para)psicológicos?
Dizem que a televisão apresenta as pessoas um pouco mais gordas do que na realidade o são. As revistas, por via do fotoshop e seus derivados, apresentam as pessoas mais esbeltas, mais morenas e reluzentes, com mais visco e muito menos vincos e, acima de tudo, muito mais altas!
Eram mesmo 3 horas quando deixei aquele bar tão reluzente.

* A Vikipédia, nem de propósito, diz isto em relação aos transgénicos: São organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contenham material genético de outros organismos. A geração de transgénicos visa a obtenção de organismos com características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi desenvolvida a técnica do DNA recombinante.A manipulação genética recombina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais.

Friday, November 02, 2007

(Es)cultural

Em qualquer evento cultural há sempre os que julgam que viram mais do que todos os presentes. E no final é vê-los em grupinhos a gesticularem gentis os braços tentando passar a mensagem de que ali, naquele espaço, é que se discute o cerne de todas as questões, ali, naquele círculo restritíssimo, é que se dá a continuação e o verdadeiro encerramento, com conclusão formal e erudita, de todo o evento.